A música que escolhemos para este trabalho intitula-se de Paris e foi produzida pelo grupo The Chainsmokers. A nossa escolha recaiu sobre esta música, uma vez que os elementos em si retratados permitiriam criar uma composição visual sólida.
Nesta música Paris é visto como um anseio sentimental por uma realidade que não é genuína ou algo irrecuperável, uma fantasia que evoca nostalgia ou sonhos.
Esta letra pode ser interpretada de várias formas. De uma perspetiva mais profunda há uma parte da letra que pode remeter para um problema de drogas visto que um amigo do produtor se encontra num processo de recuperação, juntamente com a namorada. Se algum deles desistir ou tiver uma recaída, eles vão ultrapassá-lo juntos.
Na nossa ótica, esta música reflete a dificuldade de estar numa situação complicada e querer sair. Seja dependência, depressão, uma relação tóxica, doença, ou qualquer coisa, todos nós temos momentos nas nossas vidas onde queremos desesperadamente sair e encontrar um lugar seguro. Todos nós queremos ter a possibilidade de ter um "Paris" nosso, ou seja, aquele lugar onde nos podemos refugiar e abstrair das coisas que nos fazem mal.
Nesse sentido, o propósito deste trabalho era criar um ambiente que nos transportasse para um lugar seguro e confortável, levando o observador a desejar estar nesse tal lugar.
Como tal, tornou-se necessário escolher os elementos que seriam representados, tendo em conta a letra da música escolhida mas também os nossos objetivos iniciais. Decidimos, então, escolher um objeto que remetesse para o essencial da música, ou seja, para a capital francesa, Paris, rapidamente associada à Torre Eiffel, uma das estruturas mais conhecidas em todo o mundo. No sentido, de representar o casal retratado na música optou-se por colocar apenas uma silhueta dos mesmos. Este casal procura em Paris um refúgio, numa tentativa de “To get away from your parents”, ou seja fugir dos pais, que se opõem a tal relação.
Embora não seja referido ao longo da música nenhuma linha temporal, optamos por alargar a nossa criatividade e imaginação. Para isso, optamos por criar um ambiente noturno, onde predomina um céu estrelado e uma lua cheia.
Relativamente ao fundo, a nossa preferência pela noite facilitou a escolha da cor do mesmo. Numa tentativa de enaltecer e tornar a composição visual mais verídica, optou-se pela realização de um degradé.
Após a idealização dos elementos que fariam parte desta composição visual, procedeu-se à sua elaboração prática recorrendo a programas como o Adobe Illustrator e Adobe Photoshop. Deste modo, procurámos enquadrar e englobar na nossa composição elementos e técnicas da comunicação visual de modo a enfatizar a mesma e a garantir uma correta transmissão da mensagem pretendida.
Procurando explorar ao máximo o potencial dos elementos da comunicação visual, estes foram utilizados e trabalhos nesta composição. Em primeira instância, utilizamos a forma. Esta encontra-se presente na lua cheia e nos círculos interiores da mesma. Apesar de existir três tipos de formas (quadrado, triângulo e circulo), às quais estão associadas diferentes significados, nesta composição optou-se por utilizar unicamente o círculo. Apesar disso, consideramos importante explicar o significado de cada uma delas: o quadrado está ligado à honestidade e integridade; o triângulo remete para a tensão e conflito, e por fim, o círculo está associado à infinitude e proteção.
Embora tenha também surgido a ideia da criação de uma lua minguante ou crescente, privilegiou-se a elaboração de uma lua cheia, tendo em conta o significado do círculo. O facto de este remeter para a infinitude e proteção, está profundamente interligado aos nossos objetivos com esta composição, ou seja, a criação de um lugar seguro e estável, onde a felicidade e o amor são uma presença constante.
Outro elemento da comunicação visual, presente nesta composição é o tom. Este encontra-se presente no fundo, realizado em degradé de um roxo muito escuro até a um mais claro (de cima para baixo). As diferentes variações de luz e tom tornam possível diferenciar a complexidade da informação visual que recebemos. Essa distinção só é possível acontecer quando existe uma oposição, ou seja, o ser humano apenas consegue distinguir o escuro quando este se encontra próximo do claro. A situação inversa também se verifica.
A cor também está presente na nossa composição visual, sendo visível em vários elementos como a lua, o céu estrelado e a sombra do casal. A cor possui uma enorme importância para a comunicação visual devido a grande quantidade de informação que transmite, proporcionando uma forte experiência visual. As diversas cores existentes estão associadas a vários significados e simbolismos.
A cor é um dos elementos mais emocionais no processo visual, já que esta associada a uma enorme subjetividade, marcada não só pelo contexto em que esta inserida mas também pelo simbologia da coloração para quem a vê.
É ainda de destacar a opacidade na Torre Eiffel. Com esta, pretendíamos além de conferir um maior destaque ao casal dar uma sensação de profundidade.
A escala é um dos elementos da comunicação visual que permite definir e modificar todos os outros. Contudo, é um conceito bastante relativo, sujeito a várias modificações. Esta encontra-se presente tanto na composição quadrangular como circular. Na primeira, o casal apresenta uma maior escala que a Torre Eiffel representada, com o objetivo de enaltecer os mesmos. Já na segunda composição, a lua apresenta uma maior escala tornando-se proporcional em relação ao casal. Quanto as técnicas da comunicação visual foram utilizadas as seguintes.
A regularidade promove a uniformidade dos elementos e a criação de uma ordem baseada em princípios ou regras. Transmite a rigidez, uniformidade e ordem. Por sua vez, a irregularidade remete para o inesperado, insólito e variabilidade, e como tal, não se ajusta a nenhum plano decifrável. Neste sentido, consideramos que a irregularidade se encontra presente na nossa composição visual, mais propriamente no céu estrelado e nos círculos interiores da lua. Apesar de serem os mesmos elementos, não possuem os mesmos tamanhos nem se encontram colocados por uma forma lógica.
Outra técnica da comunicação visual presente é a minimização. Esta, tal como o próprio nome indica, recorre a elementos mínimos para captar a atenção do observador. É um elemento que desvaloriza, diminui. Esta encontra-se presente na lua e no céu estrelado. De facto, apesar de não ser necessário o trabalho realizado dentro da lua, consideramos pertinente a realização do mesmo com o objetivo de captar a atenção do observador e igualmente, enriquecer a composição visual.
Uma vez que a musica escolhida é bastante metafórica e encontra-se sujeita a várias interpretações optamos por escolher elementos, que apesar de parecem óbvios e de fácil identificação, permitem trabalhar a criatividade de cada um. Nesse sentido, a subtileza também se encontra presente nesta composição. Esta trata-se de uma abordagem visual delicada e sofisticada, devendo ser elaborada para que as soluções sejas inovadoras. Por sua vez, a ousadia, o seu oposto, é uma técnica visual óbvia, ma vez que seu objetivo é obter a máxima visibilidade, deve ser utilizada com audácia, segurança e confiança.
Por fim, a última técnica de comunicação visual utilizada é a profundidade. Esta encontra-se presente na Torre Eiffel, uma vez que o seu tamanho mais reduzido e a redução da opacidade da mesma permitem criar essa ilusão. Tanto a planura como a profundidade são marcadas pela reprodução ambiental, que com a utilização dos efeitos de luz e sombra, procuram sugerir ou eliminar a aparência natural da dimensão. Como tal, estas duas técnicas seguem-se pelo uso ou ausência da perspetiva. No primeiro caso, a sua ausência marcada por elementos lisos, retos e planos; na profundidade, pela sua utilização.
Consideramos igualmente importante proceder a uma análise da nossa composição tendo como base a teoria de Gestalt e as Leis da perceção. A Teoria da Gestalt tem como base certas leis que orientam a perceção humana das formas, para facilitar a compreensão de imagens e/ou ideias. Essas leias seriam conclusões sobre o comportamento natural do cérebro ao observar determinada imagem.
Na nossa composição visual, é possível identificar algumas dessas leis.
Em primeiro lugar, identifica-se a lei da pregnância. Segundo esta lei, todas as formas tendem a ser percebidas pelo seu caráter mais simples. É o princípio da simplificação natural da perceção, isto é, quanto mais simples, é mais facilmente assimilada, sendo por isso considerada uma lei sintética. De facto, ambas as composições primam pela simplicidade, principalmente pelo uso da silhueta.
Em segundo lugar, destaca-se a lei da unidade. Esta diz respeito à conceituação de um elemento que pode ser construído por uma única parte, ou por várias partes que em conjunto constroem esse elemento. As estrelas representadas no céu, embora com diferentes tamanhos, são vista como um todo.
Os elementos utilizados na composição quadrangular mantiveram-se na composição circular, já que foram realizadas poucas alterações de uma para a outra. Nesta, optou-se pela criação de um plano mais aproximado casal e do respetivo céu.
Finalizada a primeira proposta de trabalho, consideramos que os nossos objetivos inicias foram realizados. Além de se ter criado uma composição visual, semelhante a pensada pelo grupo, conseguiu-se ainda nesta enquadrar a parte teórica. De facto, a utilização dos elementos e das técnicas da comunicação visual foram essenciais para garantir o sucesso deste trabalho.
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